Lagrimas da Vida , Alvarez de Azevedo
On pouvait à vingt ans le clouer dans la bière
– Cadavre sans illusions…
THÉOPHILE GAUTIER
Je me suis assis en blasphémant sur le bord
du chemin. Et je me suis dit: – je n’irai pas plus
loin. Mais je suis bien jeune encore pour mourir,
n’est-ce pas, Jane?
GEORGE SAND, Aldo
Oh! tu não creras meu sorrir leviano,
Nem minhas insensatas alegrias!
Quando junto de ti eu sinto, às vezes,
Em doce enleio desvairar-me o siso,
Nos meus olhos incertos sinto lágrimas…
Mas da lágrima em troco eu temo um riso!
O meu peito era um templo — ergui nas aras
Tua imagem que a sombra perfumava…
Mas ah! emurcheceste as minhas flores!
Apagaste a ilusão que o aviventava!
E por te amar, por teu desdém, perdi-me…
Tresnoitei-me nas orgias macilento,
Brindei blasfemo ao vício e da minh’alma
Tentei me suicidar no esquecimento!
Como um corcel abate-se na sombra,
A minha crença agoniza e desespera…
O peito e lira se estalaram juntos…
E morro sem ter tido primavera!
Como o perfume de uma flor aberta
Da manhã entre as nuvens se mistura,
A minh’alma podia em teus amores
Como um anjo de Deus sonhar ventura!
Não peço o teu amor… eu quero apenas
A flor que beijas para a ter no seio…
E teus cabelos respirar medroso…
E a teus joelhos suspirar d’enleio!
E quando eu durmo… e o coração ainda
Procura na ilusão tua lembrança,
Anjo da vida passa nos meus sonhos
E meus lábios orvalha d’esperança!
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